Entram fatias inteiras de noite
pelos
buracos, dos buracos dos estores
fossem
aqueles buracos, escavados dos amores
fundeados
à picareta, ao murro e ao açoite
imperialistas,
as pás que desaguam em vento,
trauteiam
ritmos sincopados sobre o corpo
nu,
ferido, curvo e revolto ao desalento
rompem-se
dos dedos, os anéis ao metacarpo
pedaços
inteiros de claras de noite
a
manhã mais cinzenta ao ópio absorto
de
parir o dia, num leito que se aceite
na
ferida do corpo, larvas que sugam o que resta
do
resto da festa, na parte de lá da gangrena
a
parte que dá pena, do círculo à aresta
parar
a sesta ao inerte que não presta
em
deixar morrer a noite
e
todo este amor que se escapa pela pequena fresta
da
janela, e dos buracos,
dos
buracos dos estores
E.M. Valmonte
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