sexta-feira, 9 de junho de 2017

passadeiras

Irrito-me a atravessar passadeiras, ao ponto de achar que seria justo que os automobilistas arrancassem a chiar os pneus e me partissem as pernas.

Gosto de atravessá-la em passo acelerado, como que a compensar os condutores pelo incómodo de travar, desembraiar, voltar a embraiar e acelerar, depois de eu passar. Gosto ainda de fazer um gesto de agradecimento a meio da passadeira, como se aquela corrida desengonçada não fosse suficiente e assaz terna ao coração do automobilista. Acho até que, na epopeia citadina das passadeiras, não passo de um execrável verme graxista do senhor automobilista, ao estilo parolo do eterno empregado do mês, na arte de lamber a senhora-dona-peida do patrão.


Talvez eu merecesse mesmo ficar com uma grelha de um Range Rover incrustada no lombo, sempre que optasse por esta prática tão cheia de líquido visceral e langonha. 

2 comentários:

  1. Respostas
    1. pois é caríssima flor, faz então parte desta classe de gente que se preocupa com o tempo dos outros e não me diga que também é daquelas que respeita o próximo? assim não lhe antevejo grande futuro nesta sociedade moderna. obrigado.

      Eliminar