Até amanhã!
Nunca as palavras fizeram tanto sentido. Nunca os sentidos me calaram tanto
as palavras.
Há toques, retoques, ambições, desilusões, há pessoas, virtudes, sarilhos,
há mais pessoas e antes de mim, os filhos.
Uma mão sobreposta numa pequena cabeça, de onde submergia um manto de
cabelo de seda. Os olhos abertos, pediam carinhosamente o afecto. Um dedo que ia
deslizando verticalmente na pequena palma de testa. Os olhos iam-se fechando à
medida que o dedo lhe ia indicando o caminho. Os sussurros ao ouvido marcavam indelével
o amor que se tem por um filho. O que lhe sussurrei é um segredo nosso, que levará no cerrar dos seus olhos.
Nunca as palavras foram tão difíceis de escrever. Nunca os sentidos me
gatafunharam tanto os cadernos em branco.
Cheiro-te antes de me despedir. Inspiro-te e espero que isso me inspire.
Tentarei não respirar mais até ao nosso reencontro. Este respirar ofegante que
me gasta o teu cheiro.
Hoje é ainda uma genuíno amor unidireccional e sabes lá o que isso é bom
para nos amarmos a nós próprios. Amanhã saberás o que é amar para além do
regaço da mãe e do fechar de olhos do pai. Amanhã saberás amar, ainda mais que
hoje.
Até amanhã, filho!
Nuno Miranda de Torres
"Nunca as palavras foram tão difíceis de escrever"?????????????
ResponderEliminarNão parece nada. Saem tão lindas, tão cheias de um amor de pai.
Até amanhã, Nuno. :-)
É verdade que são genuínas, mas custa colocá-las em "papel".
EliminarAlegra-me o facto de alguém as ler e "gostar".
Obrigado.