De tanto chorar
para dentro, submergiu. Porque o desespero de um homem, mesmo que rijo de
aparências reais, não consegue estancar a hemorragia de uma ferida aberta à
estucada.
Submerso dele
mesmo, debicava timidamente os anzóis que refletiam rasgos de prata, como que
comunicando à superfície que existe uma quase vida, enamorada pela quase morte
iminente.
Num espasmo de
afoitamento, sentiu um rasgo frio no lábio superior e uma força que o puxava
para o outro lado do desejo. Remexia os braços e as pernas, baloiçava o corpo,
salvando-se morrendo devagar, cadenciando os movimentos ao natural baixar dos
braços. Ser um homem submerso, dava-lhe o conhecimento que, quando mais
lutasse, mais morreria. A luta acabara por acabar. No fim do esbracejar, ouviu-se
um silvo, que afinal era para ser um grito, mas não houvera forças para tal
excentricidade.
E.M. Valmonte
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