Serei
sempre o mesmo homem. Mesmo depois de ter matado o meu melhor amigo. Não fui eu
que lhe tirei a vida, apenas me esquivei de o salvar. Se o salvasse, seria eu a
morrer. Não precisaria de o ter empurrado. De tanta alegria comungada entre nós, escusávamos de partilhar a covardia humana, de forma tão brutal.
Foi
o mar que o engoliu, não desprezando que se tratava de um homem. Que fará este
mar, com mais um homem traído pelos seus?
Cuspi-lo-á, quando se aperceber do
sabor amargo que tem um homem, traído pelos seus.
Este tipo de ser, deixa um
sabor de angústia na boca, que não deixa engolir.
Cuspi-lo-á,
para que a mãe o reveja, que chore por ele e que o enterre, que o mar não
enterra ninguém.
Calo-me, para que ninguém me pergunte se sou também eu um homem traído pelos meus.
Eu,
serei sempre o mesmo homem. Também me custa a engolir a água salgada.
E.M.Valmont
E.M.Valmont
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