terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Servidão humana

incomoda a mão estendida
destes pobres à indiferença
das elites sem a diferença
de ser homem depois de vida

bocados de pão atirados
silêncio da boca faminta
ecoam nos muros de tinta
fresca a voz dos acossados

mais um corpo que se quer magro
da mente que se quer demente 
não se ouve a escória da gente
desta gente de prazer agro

resta fugir da vergonha
de ser gente enfadonha
a morte chega mais cedo
à elite que tem medo

alimentem os pobres
das migalhas dos cães
dos ricos
dos beijos de suas mães
alimentem os pobres
que eles morrem-vos em cima
do tapete persa que se encima
na eloquente servidão humana


E.M. Valmont

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