Ser
capaz
Hoje, pela primeira vez, falaram-me em
levar o meu filho para casa.
Não havia nada no imediato que eu
desejasse mais, mas imiscuiu-se em mim um pânico interno, que me fez paralisar as
pernas durante grande parte do dia. Foi medo de falhar nos cuidados primários. Foi medo
que ele se venha a engasgar. Foi medo que se repita o pneumotórax, foi medo de
não ser capaz.
Foi medo aquilo que senti, o mais puro
dos medos que os homens sentem, quando são egoístas.
O olhar do meu filho mais velho disse-me
que os pais devem ser fortes, devem combater os dragões e salvar as princesas;
dar o corpo às balas, atravessar os mares mais inóspitos e nunca, mas nunca, devem deixar ninguém para trás.
O que eu dava para ter a coragem de
uma criança.
Aprendi que os homens conscientes podem
ter medo… os inconscientes devem ter medo… e que eu ainda não tive a
oportunidade de me classificar…
e os pais… matarão os papões, os
mauzões, os monstros e os medos. E um pai de verdade…claro que é capaz…
- o meu pai é sempre capaz! – disse um
filho de um pai capaz
Nuno Miranda de Torres
Sem comentários:
Enviar um comentário