sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Diário de um pai à rasca - dia 4 (21.08.2015)

O Quadro

Quase todas as pessoas vivem a sua própria sobrevivência ou a dos seus, como se contemplassem um quadro a uma distância de cinco centímetros. Distinguem-se as cores, mas não se percebem as formas nem os conteúdos.
Hoje decidimos chegar-nos uns metros para trás, em busca de perceber esta tela que se vai pintando, à medida que as lágrimas vão secando e nos deixam ver um pouco mais além.

Mesmo na mais pura das infelicidades, ninguém consegue chorar para sempre.

Fica o filho na trincheira, trago para casa uma mãe desconsolada. Embora desfigurado de peças, parece que o puzzle se começa a estruturar pelos cantos. Falta o miolo, falta o encanto de encaixar a última peça.


A casa estava fria e escura. Onde coloco esta alcofa vazia?

Nuno Miranda de Torres

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