se eu fosse um homem-folha
viesse o vento e me
deixasse cair
no campo de flores
coloridas
que as tuas mãos
escavavam
plantavam
regavam
podavam
colherias mais tarde
mensagens de ternura
cravadas no tronco
de quem fizeste árvore
nas minhas raízes
correrá o que me
ensinaste
a minha copa será das
mais altas
como foram os teus
desejos
na sua sombra, o
reflexo
de quem brindou com
sorrisos
os meus vícios de
querer crescer
amanhã estarei noutro
jardim
serão então as minhas
folhas
que te entrarão na
janela
e num rodopio
constante
voltaremos a brincar
apenas o tempo
que demora a saudade
a saudade do teu
regador
a saudade das tuas
mãos
a saudade da tua água
a saudade da tua terra
a saudade do teu
jardim
a saudade de ti
(*) foi assim que o meu filho se despediu das suas educadoras.
Todas as plantas precisam de carinho para dar folhas.
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