Poetas que voam
fazem-no a meia altura
algures acima do horizonte
meios homens voam por baixo
sopram amodorradas vergonhas
que lhes dilaceram as asas
amam como voam
apenas com meia paixão
a outra metade
imbuem-na no coração dos outros
e adoram voar baixinho
sublimes no sofrimento
voadores de sonhos perfilados
guardam metade do coração
para dias de chuva intensa
com as asas inundadas de solidão
sufocam ao ouvir falar de amor
A meia altura
não se guardam segredos
não se guardam promessas
bicadas por apressadas carriças
que convalescem no ninho
se as asas
deixassem voar mais alto
então metade da vida
seria a meio caminho
...a outra metade
continuaria ainda perdida
nas meias asas
de uma gaivota à deriva
e.m.
As vidas querem-se plenas, nunca pela metade.
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