Vale a pena ter pena do homem que
quis acabar com os pulsos cortados. Vem do vale a pena que se sente pelo homem,
tal como vem da pena o que homem acha que não vale. Da lâmina com cara de peixe-cristal,
veio aquela dor fininha ordinária que se sente quando se está a perder o fio da
meada. Foi quase-quase, que o sangue lhe escorria pela vergonha abaixo,
ensopando os pés de um barro encarniçado que deixam sempre pegadas indeléveis,
nesse trilho confuso que parecia não ter saída. Ainda assim o escorrer do
sangue fez poça, possa que parece que doeu mais depois, de não ter doído tanto
antes.
Fez poça, mas não matou, o homem que queria matar o que dele restou.
Lambeu do chão o sangue à pressa, com medo que vissem que a morte se tinha
contentado apenas com o desgosto honesto de não querer matar aquele homem.
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