O
estado em que eu encontrei isto!
Completamente abandonado, de estores caídos e
ervas crescidas a interromper a passagem. A porta estava fechada há muito
tempo, mas descobri que nunca foi trancada, estando estes anos todos apenas
encostada, talvez à espera que alguém aqui entrasse.
À
medida que eu deambulava pelas diversas divisões, o pó acompanhava-me como que
se de um bom anfitrião se tratasse. Soprei aqui e ali nalgumas molduras e o
passado voltou a desenhar-me alguns sorrisos na boca e algumas cicatrizes na alma.
O relógio de pêndulo estava parado. Não esperava eu outra coisa de um relógio
de pêndulo, dono do tempo e da sua própria vontade. Mesmo que lhe dê corda ao
contrário, a soberba dele nunca me deixará andar com o tempo para trás, e por
isso não lhe toquei nem ao de leve, não fosse o cuco avisar-me que a vida
passou por nós.
Sempre
que não trancamos a porta à chave, mais tarde ou mais cedo voltamos onde não
era suposto voltarmos.
Afinal de contas não fui eu que voltei, foste tu.
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