segunda-feira, 25 de março de 2013

O coelho que queria casar com a lagarta



era maior este coelho
simplesmente maior e melhor
até mesmo do que a própria fama
de ser maior e melhor
do que ele próprio
num passado que ainda sonha
 
a simplicidade eterniza os insectos
talvez os mais pequenos
esquecidos da ignorância
de ser quase nada

na pureza das nuvens
não se ouvem indecorosas palavras
terá que andar curvo este coelho?
para ouvir o nervoso bater das asas
dos demais vermes que rastejam
aos pés da vergonha de ser pequeno

curvo, velho ou apenas com medo
de ser lagarta escondida
numa fruta já podre
de há tanto tempo estar no chão
 
a vaidade adormece lentamente
o corpo já não conhece os campos
agora rasteja nas pétalas
da frustração de ser lagarta

…vagarosamente o dia acorda a metamorfose
de uma saudosa borboleta
a quem lhe cresceram orelhas de coelho
só me restam efémeras dúvidas
se serás suficientemente grande para isso…


e.m.


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