segunda-feira, 21 de abril de 2014

Maria da Nazaré teve, ontem, um abundante período menstrual



Das viscosidades sentia-se um forte cheiro a mofo. Afinal, não passavam de viscosidades repetidas, fruto de recalcadas desilusões.

Foi à igreja, porque gosta do silêncio e da esperança que a ressurreição lhe dá. Ajoelhou-se, lembrando o que S.Lucas escreveu sobre Jesus:


Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com a sua capacidade intelectual e com a maneira como comunicava as suas conclusões.” (Lucas 2:47)


Ela sabia que o marido chegaria a casa a cheirar a vinho barato e que certamente quereria penetrá-la com toda a força, numa orgia imaginária própria de um gladiador. Esta altivez demorará mais tempo que as outras. Por fim, voltará como sempre voltou, ao seu estado de entorpecimento vaidoso.

Ficou mais um pouco, saboreando o silêncio e a brisa fresca. Nestes momentos, o silêncio como que fecha os olhos, não deixando entrar esta imensidão de luz, que amanhã se apagará.


E.M. Valmonte

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