quarta-feira, 29 de março de 2017

vida parada

Talvez se um dia a vida parasse de parar o aconchego que se espera dela, não fosse preciso eu construir um foguetão, pela própria mão que me acene depois de partir daqui. Talvez se um dia o dia parasse, com ele parado eu me calasse e não fosse preciso construir um muro ao punho, duro que me magoasse depois de o ter erguido à toa. Talvez se um dia a terra parasse de girar, eu conseguisse voar sem asas, conseguisse migrar sem que soprasse o vento, conseguisse sobrevoar o desalento de voltar a encontrar o mesmo homem que partiu. Talvez se um dia, no final do dia, o sol se quisesse ir deitando, à medida que o fogo de partir se aproximasse da água parada da poça, pequena de tamanho, grande na troça, de querer reflectir um homem a querer fugir.   

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