Talvez se um dia a vida parasse
de parar o aconchego que se espera dela, não fosse preciso eu construir um
foguetão, pela própria mão que me acene depois de partir daqui. Talvez se um
dia o dia parasse, com ele parado eu me calasse e não fosse preciso construir
um muro ao punho, duro que me magoasse depois de o ter erguido à toa. Talvez se
um dia a terra parasse de girar, eu conseguisse voar sem asas, conseguisse
migrar sem que soprasse o vento, conseguisse sobrevoar o desalento de voltar a
encontrar o mesmo homem que partiu. Talvez se um dia, no final do dia, o sol se
quisesse ir deitando, à medida que o fogo de partir se aproximasse da água
parada da poça, pequena de tamanho, grande na troça, de querer reflectir um
homem a querer fugir.
Sem comentários:
Enviar um comentário