quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Diário de um pai à rasca - dia 10 (27.08.2015)

Parar o tempo


Sei que as restantes pessoas do mundo continuam a respirar. Sei, porque as ouço e elas se fazem ouvir. A vida continua a respirar e o seu ofegar polipneico como que não me deixa sossegar; neste momento que eu precisava que a apneia do relógio badalasse apenas duas vezes por dia.

Hoje o tempo parou.

De braços sobrepostos imitando um ninho de cuco, recebi hoje, pela primeira vez, o meu filho no colo. Sem tubos, sem drenos e sem ventilador, foram apenas aqueles dois quilos de gente e eu, numa simbiose perfeita de dependência. Ele precisava do meu colo, eu precisava da vida dele. Enroscou-se como só um filho se sabe enroscar. Abracei-o, como só um pai sabe abraçar.

Hoje o tempo parou.


Pena que não me deixam ter tempo de parar o tempo para sempre, neste minuto em que ele se enroscou em mim.

Nuno Miranda de Torres

6 comentários:

  1. Muitos; muitos; parabéns. Depois destes dias de sombra, o brilho um filamento de alegria intensa.

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    1. Amigo Xilre, nem sabe como brilhou este dia... Pena que estas angústias diárias parece que nos anestesiam as verdadeiras alegrias.

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  2. Que bom, Nuno, que bom! Vim a correr ler o post de hoje, queria ver esse bebé fora da máquina! Um abraço forte ao pai, outro à mãe e um beijinho pequenino nesses dois quilos de menino lindo.
    Muitas felicidades para todos.

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    1. Amiga Susana, obrigado pela preocupação e apoio. Darei o requisitado beijo ao petiz, quando estiver novamente com ele.

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  3. o melhor do mundo a acontecer, de novo :)

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    1. Olá Alexandra. ...e muitas coisas boas ainda virão. Agora estamos muito mais esperançados que há uma semana.
      Obrigado por tudo.

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