Na vereda estava
trilhado um caminho estreito, de terra, feito pelo caminhar de pessoas, que
umas atrás das outras, foram escolhendo o mesmo trilho. Apenas mais um denso
caminho, que não levava a lado nenhum. Apenas ia para lá e para que se voltasse, seria preciso muita imaginação. No fim do caminho, uma espécie de altar, uma corda
pendurada numa árvore e uma pilha de corpos decompostos. Cheirava a ferro e a
pinheiro. Fecharam o caminho de volta. Um braço que se mexeu, como que se despedisse para sempre daquela breve visita. Afinal não existia nenhuma espécie de vida, apenas um vento forte que fez
aquele corpo inanimado mexer-se como um pêndulo. Também a corda na árvore ganhava
vida, lembrando o temor dos homens. Algures por ali existia um outro caminho, mesmo que este não
fizesse regressar a lado nenhum conhecido. Há caminhos que só vão e outros que
regressam, não pelas mesmas pedras, mas dando a volta. Há homens que só vão e
nunca dão a volta. São esses, que seguram na corda e a fazem parar, esticando-a
até ao seu limite.
E.M. Valmonte
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